segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ESPÓLIOS DISSERTATIVOS: O DIÁRIO DE UM ESCRITOR

Linguagem. O que é isso que todos falam?

Falam, escrevem, desenham, pintam, esculpem, catalogam, arquivam, fotografam, filmam...
É produzir uma existência que supera o corpo, a existência física. É ser lembrado, é ser esquecido...

Essas palavras traiçoeiras escorregam da minha mente para minha mão. De onde olho, daqui do meu olho, vejo dedos se movendo, segurando a caneta e machucando o papel com as palavras. Se fecho os olhos, tenho dificuldade de escrever, mas, tentando desfocar a atenção de minha vista, começo a sentir o movimento da minha mão...

Essas palavras traiçoeiras escorregam da minha mente para minha mão sem que eu consiga dar a elas o poder de transformar o mundo. Será possível a alquimia das palavras? Chamo para sentar ao meu lado o escritor português Lobo Antunes, médico, psiquiatra, ex-combatente, contrariado, anestesiado, revoltado. E peço para ele me mostrar uma saída. Ao que me responde: “eis o poder criador da palavra... mesmo percebendo e admitindo não encontrar na palavra a expressão exata de meu sentimento”. Ele se entrega ao encanto das palavras, capazes de criar inúmeros mundos.

Essas palavras ensaboadas que deslizam pelas linhas do meu caderno e se distanciam de meus pensamentos. Sentei aqui para escrever sobre a linguagem... e até agora só enrolei. Sinceramente, tenho dificuldade com o assunto. Parece-me impossível dissecar a palavra usando outra palavra.
maio/2011

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quem ouve? quem houve?

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