terça-feira, 18 de outubro de 2011

reverberações dissertativas


Era um sonho recorrente. Nunca encontrava a saída, não conseguia terminar de fazer a mala, não esbarrava na pessoa certa. A procura incessante, distante do fim. Nas noites que sonhava assim, amanhecia cabreira. Uma sensação de desolação, de desamparo, de tarefa não cumprida. 
Foi nessa época, eu procurava uma fonte que me permitisse dizer o que eu queria dizer para a pergunta que eu estava a fazer: “o que fundamenta as diferenças entre a narrativa historiográfica e a literária?” Tendo esse objeto em mente, fui atrás da fonte mais adequada. Perambulei pelo romance de Bernardo Carvalho, abri picadas na Poética da Pós-Modernidade de Linda Hutcheon, saboreei teses sobre a metaficção historiográfica, voltei para o romance contemporâneo na voz de António Lobo Antunes, o psiquiatra português que se tornou escritor de romances autobiográficos e/ou históricos (ou metaficções historiográficas?). Eis que o foco se fecha: psicologia/psicanálise; as palavras e seu efeito curativo. 
Mas de repente surge um ponto ainda mais superficial, mais táctil – o magnetismo animal e seu efeito curativo: uma teoria das sensações, a cura por meio do fluido magnético. O ponto de inflexão onde as palavras não são as coisas; as coisas são elas mesmas e as palavras nem existem no ambiente de cura. O médico é o Archeus, o elo entre micro e macrocosmo que faz fluir a energia acumulada.
Para escrever sobre essa história, contudo, dei também um longo passo de volta retornando ao século XVI, com Villanova e Paracelso. Mas, antes ainda, fiz uma viagem alquímica ao século XIX, passei pelo tempo do Império, de corte portuguesa, de modernidade, sanitarismo e curandeiros, voltei à Alemanha e vi a influência de Mesmer no Romantismo.
Enfim..., se quiser saber sobre o desenrolar dessa história, leia minha dissertação: “O poder alquímico das sensações: um panorama histórico-ficcional da filosofia magnética de Franz Anton Mesmer".

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quem ouve? quem houve?

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