sexta-feira, 9 de abril de 2021

É osso

Escrever é osso. Saboroso e cheio de carne para arrancar com os dentes. A gente se demora. Lê, lê e lê, imagina, confabula, esquece, descrê, lê, lê, imagina, argumenta, contra-argumenta, lê mais um pouco, lê. O cachorro escolhe um canto para passar suas próximas horas, deita-se com seu osso, lambe, morde, morde, morde, lambe, lambe, morde, dorme, acorda e morde, deita em cima, rola, enterra o osso, desenterra o osso, morde mais um pouquinho. O osso se acaba, o livro fica pronto. E logo está lá o cachorro procurando outro osso para roer... e o escritor logo tramando outro livro para escrever. 

quem ouve? quem houve?

quem ouve? quem houve?