terça-feira, 30 de novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

perguntas

o que muda entre a virtude e o vício?

o que muda? entra a virtude sai o vício.

o quê, muda???

os valores

Charge elaborada pelo cartunista francês Emmanuel Chaunu

Após fazer uma breve análise da charge, achei interessante compartilhar com vocês alguns pensamentos que me ocorreram.
Primeiramente, o artista é francês e, ao produzir essa charge, faz referência ao ensino na França. De qualquer forma, a charge não se detém às fronteiras nacionais e pode ser utilizada para se pensar a história do ensino no Brasil. Isso fica patente a partir do momento em que alguém fez a tradução da frase para o português e passou a divulgar o desenho no círculo virtual brasileiro, alcançando grande repercussão.
A charge apresenta dois períodos da história do ensino no Brasil: 1969 e 2009. A cena de 1969 é pintada em tons de sépia, próxima a uma fotografia envelhecida que nos faz sentir certo saudosismo em relação ao passado. Os pais figuram como pessoas respeitáveis, austeras, autoritárias, certas de si. Comportam-se como modelos morais para seus filhos e, por isso, exigem explicações precisas para seu péssimo rendimento escolar. A professora aparece impassível, rígida, demonstrando autoridade e conhecimento. Uma mulher séria, certa de seu poder. A criança, por sua vez, uma coitada. Curvado sobre si mesmo, o menino não encara ninguém. Apresenta uma apatia profunda, profundas olheiras e profundo temor. Teme os pais, a professora, os amigos, o cachorro, seus próprios sonhos.
A cena de 2009 é colorida, rosa, azul e verde. Os pais não apresentam a mesma formalidade e seriedade dos de 1969, são aparentemente mais jovens, usam roupas descoladas (primeira mudança: os pais de 1969 procuravam parecer mais velhos, os pais de 2009 se preocupam em parecer mais novos), porém, são raivosos, cheios de si, querem ver cumpridos seus direitos de cidadãos. Exigem explicações quanto ao péssimo rendimento escolar do filho, no entanto, dessa vez é a professora que deve responder à pergunta: Que notas são essas? (Segunda mudança: os pais responsabilizam os professores pela educação que não dão a seus filhos). A professora, por sua vez, não tem um pingo de autoridade. Nem sobre a criança tampouco frente aos pais. Se pudesse, sairia correndo dali, se possível pedindo perdão pela incapacidade de ensinar/ domesticar aquela criança... Não sabe o que fazer. (Terceira mudança: os professores lavam suas mãos). A criança, nessa cena, reina. Seu cabelo parece uma coroa reluzente. Ele olha para o alto, jubiloso. Orgulha-se de sua suposta esperteza, de sua habilidade em tirar vantagens das situações.
Nas cenas, dois elementos permanecem iguais: as notas das crianças e as perguntas.
A charge coloca em questão os valores de duas instituições chaves de nossa civilização moderna tardia: a família e a escola, especialmente os pais e os professores e, de maneira mais ampla, os contextos sociais e políticos brasileiros. As crianças são os frutos dessas relações, são as personagens menos conscientes de suas ações, que dialogam com os adultos de seu mundo. Analisando apenas o desenho, procurando não pensar na relação causa e efeito que a colocação cronológica dele sugere, é possível dizer que ele afirma a ocorrência de uma mudança de valores (não necessariamente inversa), e que não leva necessariamente à desigualdade comparativa: naquele tempo era melhor, agora é pior. De fato, faz sua crítica tanto à opressão de 1969 quanto ao descompromisso de 2009, por isso, seu título original .....os valores são outros.....
Assim, a maior carga valorativa do e-mail está em seu título: Um exemplo perfeito da inversão de valores que nos assola. Assolar, no Houaiss, tem os seguintes sinônimos: 1. pôr por terra; devastar, arruinar, destruir; 2. pôr em grande aflição; consternar, agoniar. Essa frase, portanto, poderia ser escrita Um exemplo perfeito da inversão de valores que nos arruína. Ao usar o verbo assolar, o autor leva o leitor à conclusão de que o ensino no tempo passado era melhor, mais sério. Os pais tinham no professor um aliado, alguém preocupado e preparado para disciplinar seu filho. Agora, no entanto, vivemos a ruína, a destruição dos valores, o oba oba, a lei do tudo pode....
Será que aqueles valores morais de 1969 são mesmos melhores?
Será que não existem os valores morais de 2009? Ou será que são piores que os de 1969? Será que são diferentes: de que maneira, em que medida?
texto escrito em outubro de 2009

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

de volta às palavras

de volta as palavras!


um dia todas elas se foram e o papel sofreu a falta do atrito áspero do grafite.
um dia elas se calaram e o vento sofreu a falta do som confuso das vozes.
um dia elas mentiram tentando dizer a verdade e o fogo consumiu o papel.

sábado, 18 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

LIBERDADE DE VIDA OU VIDA LIVRE DE MIM

O trem vai passando,
Vai levando a minha vida.
E eu vou correndo atrás.
Não há tempo nem velocidade
Que me façam alcançá-lo.
Penso em deixar
Minha vida ir embora.
Mas, não sei o que farei então.
Será que poderei emprestar de alguém
Os dias que ainda me faltam?
E quem irá se apossar de minha vida,
Que foi embora no trem?
O tempo vai atrás do trem
Comendo os trilhos que passam,
Levando minha vida para longe de mim.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

terça-feira, 31 de agosto de 2010

triste sina humana


se deus estivesse em todas as coisas

todas as coisas seriam as coisas criadas por ele


a cultura não foi deus quem criou

 ela é humana


o homem é que está

em deus e na cultura

...

mas também não está em todas as coisas

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sai de mim

eu preciso me ver a uma artística distância
de longe e do alto
saber qual é o meu tamanho nesse imenso
mar das palavras, das coisas
pairar por cima delas, voar, sobrevoar
minhas máscaras, ver-me
eu preciso me afastar de mim
ficar de fora da moral que me compõe
decompô-la, desfazê-la
 ver minha aparência

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Para que servem as palavras?

— Então afirma - disse van Leyden sintetizando para si próprio as palavras do Marquês - que no fundo, a cura se realiza através da entrega total ao magnetismo e que a mais mínima reserva destrói seu efeito totalmente?
— Não - respondeu Puységur, - embora aquilo que esteja dizendo seja pertinaz, chega a um resultado totalmente errado. Ao invés de deixar que as coisas aconteçam, o senhor trata de se antecipar com os pensamentos. Imediatamente surgem as duplicações e fazem com que tudo retroceda. Quando se começa a falar de alguma coisa, já se perde tudo o que é decisivo. Não existe "entrega ao magnestimo". Porque a entrega total ou a unidade da vontade é o magnetismo propriamente dito e, assim, é um absurdo falar da entrega ao magnestismo. A própria entrega já é mais do que suficiente e é nela que residem os elementos necessários para o sucesso. Pare de produzir ideias a respeito, porque estas seriam apenas formas de evitar ou de controlar.
(A árvore mágica, de Peter Sloterdijk, p. 230-1)

domingo, 22 de agosto de 2010

o sonho que é vida


vozes no meio da noite.

o homem recita poemas de cor.

o homem recitava poemas de cor.

sua voz no meio da noite.

acordei.

o homem estava sentado ao pé de mim

e recitava poemas de cor.

continuou recitando poemas de cor.

desejantes, misteriosos, instigantes,

enigmáticos, voláteis, excitantes.

poemas que o homem recitava ao longo da noite.

arrepiei.

sentia os poemas estalarem no meu corpo.

meus olhos vigiavam,

meus ouvidos captavam a voz,

meu nariz buscava eternizar o cheiro daquele momento,

meu coração batia com cuidado

para que o homem que recitava poemas de cor

não se percebesse observado.

acordei.

e o encanto vagueia pela terra.

escrito em abril/2006

terça-feira, 25 de maio de 2010

Centro de Letras e Ciências Humanas


Centro de Letras e Ciências Humanas
Universidade de Londrina
maio/2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

brincando com as palavras


asceta do ente
a seta doente
asceta doente
a seta do ente


sexta-feira, 14 de maio de 2010

upside down


oh no! the world is upside down!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

londrina, duplicação da goiás


Como ouvir o silêncio de um sujeito histórico?



terça-feira, 6 de abril de 2010

poesia para parmênides em consonância com heráclito

o devir não é
o devir não é ser
o devir deve vir
o ser é
o ser não é devir
o ser deve ser
o devir muda, passa
o ser é constante, permanente
(o estar triste, o ser triste
o estar disposto, o ser disposto)
o ser não é possível
o ser se modifica com o passar do tempo
o ser muda
o ser é devir

poesia escrita em 18/08/2008, durante a aula de metodologia da história

domingo, 4 de abril de 2010

será possível cartografar o espaço?


será que é assim mesmo?
e se não for
a que(m) importa?

para quê servem os mapas
senão para facilitar o transporte das pessoas?
mapa astral
mapa mental e
mapa rodoviário.




quinta-feira, 18 de março de 2010

dia extra-ordinário

  • você se lembra daqueles dias incomuns em que as cortinas eram tiradas para lavar? o sol adentrava com mais vibração no interior da casa, a sala (ou o quarto) ficava bem maior, bem mais bonita. mesmo que você estivesse triste, em pouco tempo, de seu rosto nascia um sorriso e eu podia ver o sol brilhando em suas pupilas. você já sabia que aquele seria um dia diferente. e você pensava: "um dia eu vou me lembrar desse dia". pois é, hoje eu me lembrei dele. hoje, eu tirei as cortinas para lavar.

terça-feira, 9 de março de 2010

2010 - o futuro

sinais digitais, sinapses virtuais
o cérebro eletrônico conecta mentes animais

flor d(n)o calçadão

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

...

O silêncio fala para quem escuta

O silêncio fala o que a pessoa escuta

O silêncio não se atém a falar a verdade de ninguém

Por isso, o corpo que fala no silêncio não é o da pessoa que gesticula

Mas o da que escuta

palavra na ilusão

o limite da palavra na ilusão da poesia
bendita palavra
capaz de salvar uma alma de sua decomposição
o limite da palavra na ilusão da poesia
maldita palavra
incapaz de metamorfozear-se naquilo que nomeia
a iminência de cair em um buraco negro
o que existe atrás da escuridão do buraco negro

(escrito em junho de 2009 em resposta a um texto de g.giannattasio)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

planeta terra

você nunca achou estranho que o nome do planeta terra fosse esse?
curioso um planeta em que 2/3 da superfície é coberta de água ser chamado de terra.
eis que nomear é dar forma ao mundo e, em breve, (de 50 ou não sei quantos mil anos) o planeta terra estará coberto de terra. afinal, o que você acha que significa o aumento da desertificação? pois então pense: o que é que tem de monte no deserto? é isso mesmo: terra.
eis que vejo o planeta terra coberto de terra e encoberto de nuvens cinzas chuvosas.
[...]

e nas frases de um sábio ocidental do final do século XX:
"buliram muito com o planeta
o planeta como um cachorro eu vejo
se ele já não aguenta mais as pulgas
se livra delas num sacolejo"

[...]

"a civilização se tornou tão complicada
que ficou tão frágil como um computador
que se uma criança descobrir
o calcanhar de aquiles
com um só palito para o motor"

pois é, vai imaginando aí.

domingo, 17 de janeiro de 2010

as diversas construções

ao fundo: seres culturais
à frente: seres naturais

quem ouve? quem houve?

quem ouve? quem houve?