se deus estivesse em todas as coisas
todas as coisas seriam as coisas criadas por ele
a cultura não foi deus quem criou
ela é humana
o homem é que está
em deus e na cultura
...
mas também não está em todas as coisas
eu preciso me ver a uma artística distânciade longe e do altosaber qual é o meu tamanho nesse imensomar das palavras, das coisaspairar por cima delas, voar, sobrevoarminhas máscaras, ver-meeu preciso me afastar de mimficar de fora da moral que me compõedecompô-la, desfazê-laver minha aparência
— Então afirma - disse van Leyden sintetizando para si próprio as palavras do Marquês - que no fundo, a cura se realiza através da entrega total ao magnetismo e que a mais mínima reserva destrói seu efeito totalmente?
— Não - respondeu Puységur, - embora aquilo que esteja dizendo seja pertinaz, chega a um resultado totalmente errado. Ao invés de deixar que as coisas aconteçam, o senhor trata de se antecipar com os pensamentos. Imediatamente surgem as duplicações e fazem com que tudo retroceda. Quando se começa a falar de alguma coisa, já se perde tudo o que é decisivo. Não existe "entrega ao magnestimo". Porque a entrega total ou a unidade da vontade é o magnetismo propriamente dito e, assim, é um absurdo falar da entrega ao magnestismo. A própria entrega já é mais do que suficiente e é nela que residem os elementos necessários para o sucesso. Pare de produzir ideias a respeito, porque estas seriam apenas formas de evitar ou de controlar.